O governador de São Paulo, João Doria, anunciou nesta quarta-feira (22) o Plano São Paulo, que prevê a retomada gradual das atividades econômicas de forma “heterogênea e segura, com suporte da ciência e da medicina” após o isolamento social proposto em decorrência do novo coronavírus.
O estado já prorrogou duas vezes a quarentena e deve retomar algumas das atividades após o dia 11 de maio. Doria agradeceu os municípios que estão respeitando as ordens para “ficar em casa” e afirmou que, na terça-feira (21), a taxa de isolamento chegou a 57%.
Ele garantiu, no entanto, que a implementação do Plano São Paulo não significa o fim da quarentena. Por enquanto, apenas setores essenciais estão funcionando normalmente, dentro das orientações sanitárias: abastecimento, saúde, farmácias, bancos, indústrias, bancas de jornais, transporte, call center, entre outros.
Segundo a secretária de Desenvolvimento Social, Patrícia Ellen, o principal objetivo das decisões dos comitês de Saúde e de Economia é preservar vidas. Com isso, a volta será planejada de forma “gradual e responsável”.
“Todas as decisões serão baseadas em dados, evidências e ciências. E a pactuação será feita com a saúde, o setor econômico e a sociedade. De forma alguma faremos uma abertura desordenada, com flexibilização aleatória”, explicou.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, São Paulo tem nesta quarta (22) 15.385 casos confirmados do novo coronavírus e 1.093 mortos.
Como funcionará a retomada?
Segundo Patrícia, a retomada acontecerá por regiões, que serão separadas entre vermelha, amarela e verde. Elas serão definidas após estudos dos comitês nas próximas duas semanas.
Serão critérios para a retomada, no âmbito da saúde: acompanhamento da disseminação da doença, capacidade do sistema de saúde para lidar com ela e monitorar o vírus; no âmbito da economia: preparação de protocolos setoriais de saúde e higiene para cada ambiente de trabalho; e, no âmbito da sociedade: adesão da população às restrições e conhecimento das medidas de higiene.
Os municípios serão avaliados individualmente e depois segmentados em regiões, de acordo com a situação da pandemia e capacidade do sistema de saúde local. Nisso se inclui número de casos, quantidade de UTI e testes disponíveis.
Ela afirmou que a retomada acontecerá, primeiro, nos setores com maior vulnerabilidade e menor risco do ponto de vista no enfrentamento ao novo coronavírus. Os protocolos de retomada serão definidos de acordo com as medidas de distanciamento social, higiene pessoal, sanitização de ambientes, comunicação e monitoramento.
“Teremos padrões com protocolos específicos por setor. Não vamos reinventar a roda, mas muito já foi feito. Aproveitamentos os protocolos da OMS e definimos também alguns outros setoriais”, explicou a secretaria.
A economista e integrante do Comitê Econômico Ana Carla Abrão completou dizendo que será usado um navegador para projetar a curva de contaminação e criar cenários para que, a partir das medidas, se possa monitorar os impactos dessa abertura. “Isso acontecerá para calibrá-os e conseguir um equilíbrio entre a retomada da economia e preservação da vida.”
O Secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, Henrique Meirelles, complementou ressaltando que a ideia é trabalhar com quatro polos de ação: garantia da manutenção do padrão de consumo das famílias e liquidez das empresas; melhoria do ambiente de negócios e de segurança jurídica para incentivo aos investimentos privados; eficiência e efetividade dos gastos; e sustentabilidade das cadeias produtivas nacionais.
“São Paulo já vinha crescendo acima da média nacional e, com essas medidas, nossa ideia é impulsionar o crescimento da economia do Brasil”, finalizou Meirelles.
Patrícia Ellen ressaltou que São Paulo tem hoje 70% da economia girando e, com isso, o estado quer se tornar referência na retomada da economia e contenção da pandemia para o Brasil e o mundo.
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