Portal da Cidade Rio das Pedras

ARTIGO

Especialistas analisam fase estratégica para os governos municipais

No último dia 10 de abril, gestores completaram 100 dias de governo do atual mandato, que teve início em 1º de janeiro de 2021.

Publicado em 15/04/2021 às 08:52
Atualizado em

“Para os prefeitos recém eleitos, em sua maioria, há a expectativa que o presente mandato seja superior ao de seu antecessor. Espera-se muitas vezes saídas rápidas para problemas antigos, bem como a cristalização das promessas de campanha em um curto período de tempo.”

Por:
Raphael Torrezan | Doutorando em Economia pela Unesp Araraquara
Ewerton Clemente | Bacharel em Economia pela Unimep

Essa semana foi marcada pelo encerramento de uma etapa importante para os governos municipais: os primeiros cem dias de governo. Como regra, é durante esse período que os prefeitos eleitos validam os relatórios de transição e buscam compreender com mais detalhes as principais demandas da população e os desafios da máquina pública, definindo as prioridades e ações de governo para os próximos quatro anos.

A legislação eleitoral determina que todos os candidatos a prefeito devem apresentar um plano de governo como condição de registro para sua candidatura. Entretanto, o plano de governo consiste em estabelecer diretrizes e objetivos estratégicos para a gestão, haja vista que geralmente os candidatos não possuem as informações necessárias ao diagnóstico e à definição dos programas de governo.

Nos primeiros cem dias de governo o prefeito eleito precisa evoluir da visão estratégica em direção à ações de natureza tática e operacional. Isso quer dizer que é nessa fase que o governo deve canalizar as diretrizes políticas para a elaboração das metas e planos da gestão, amparado na expectativa de recursos orçamentários e financeiros.

No entanto, os desafios deste novo mandato são ainda maiores em relação a outras eleições, até mesmo para os mais experientes. Esses problemas dividem-se em três fatores de risco: (i) a pandemia oriunda da Covid-19; (ii) a deterioração macroeconômica brasileira; (iii) as dificuldades inerentes ao primeiro ano de mandato.

O agravamento da pandemia impôs uma série de obstáculos aos municípios paulistas. Além da crise sanitária que demandou mais recursos para ampliação de leitos, aquisição de oxigênio, testes, medicamentos e demais insumos hospitalares, o senso comum institucionalizado e a falta de sensibilidade de grande parte da população tem tornado a coordenação das políticas públicas em âmbito local e regional cada vez mais difíceis, adiando a reconstrução econômica - reduzindo a renda dos paulistas e aumentando o desemprego e a dependência do Estado a partir da deterioração de indicadores sociais.

De acordo com os indicadores sobre a economia brasileira em 2020, a variação anual foi negativa em 4,1%. O período mais difícil para a economia foi o segundo trimestre, quando registramos queda de mais de 9% em relação ao 1º trimestre. O expressivo crescimento do terceiro trimestre se deu sobre uma base excessivamente deprimida, mas o dado do último trimestre de 2020 sinalizava possível recuperação em 2021, apesar de 1,1% inferior ao mesmo período de 2020.

As expectativas positivas vinham ancoradas na recuperação do produto, pelo lado da oferta, e pelo crescimento na margem de 20% da FBCF, pelo lado da despesa, inaugurando um incipiente movimento de substituição de importações. Todavia, o agravamento da pandemia, ações descoordenadas, aumento do desemprego, resistência do governo federal em potencializar uma política fiscal expansionista e falhas no programa nacional de imunização deterioraram fortemente as expectativas sobre a economia.

Alguns pontos a respeito da conjuntura econômica brasileira tem sido pouco debatidos, mas gradualmente aparecerão e, inevitavelmente, terão que ser enfrentados. O primeiro deles diz respeito à péssima qualidade do orçamento público federal para 2021 e coloca em dúvida se a peça orçamentária contemplará de maneira satisfatória os repasses voluntários aos municípios ou se as restrições orçamentárias e financeiras criarão ainda mais obstáculos para as ações de enfrentamento ao Covid-19, apesar da abertura de créditos com os superávits do exercício anterior e autorização para que os municípios utilizem os saldos dos fundos de saúde e assistência social de outros anos.

Medidas tributárias recomendadas para os primeiros anos de mandato estão com efetividade reduzida. A crise atual impôs rigorosos limites a qualquer aumento da carga tributária. Ações voltadas à recuperação de defasagem na arrecadação, principalmente no que diz respeito ao IPTU, tem pressionado a taxa de inadimplência.

Junto ao eventual problema orçamentário há a inflação galopante. Apesar de existirem explicações plausíveis a respeito da alta da inflação (alta do dólar, aumento no preço dos insumos, crise sanitária), o poder público não se encontra completamente preparado para isso. Muitas prefeituras possuem seus contratos fixados em índices que estão nas alturas (o último IGPM foi de 30%), ao mesmo tempo em que suas receitas não acompanham esse crescimento vertiginoso.

Por fim, existem os desafios inerentes ao primeiro mandato. Sobre os ombros dos novos mandatários encontram-se as expectativas de superar o quadriênio anterior. Para os prefeitos recém eleitos, em sua maioria, há a expectativa que o presente mandato seja superior ao de seu antecessor. Espera-se muitas vezes saídas rápidas para problemas antigos, bem como a cristalização das promessas de campanha em um curto período de tempo. No caso dos prefeitos reeleitos, há a sombra do seu próprio mandato anterior somada a cobrança redobrada da população que, em sua concepção, apostou na continuidade em detrimento da novidade.

No entanto, esse é um momento de pés no chão. O primeiro ano de mandato sempre será um momento de reestruturação, do recém-eleito conhecer a máquina pública e compreender que seu timing é diferente da coisa privada.

Para os prefeitos reeleitos, o cenário também transforma-se, não há mais reeleição, a composição política municipal também se transforma, e o foco pode ser exclusivamente nas promoção de políticas públicas eficientes, mas muitas vezes impopulares. Isso é ainda mais latente nesse quadriênio, pois os alicerces econômicos, sociais e sanitários encontram-se abalados, incorrendo em maior atenção no gestor público municipal.




🟩 Quer fazer parte da nossa lista de TRANSMISSÃO e receber as notícias do Portal da Cidade no seu WhatsApp? Salve nosso número (19) 99228-0762 na sua agenda de contatos e depois envie um WhatsApp com seu nome. Pronto, já estará fazendo parte da nossa lista de transmissão e vai receber as notícias e ficar por dentro de tudo de Rio das Pedras e região.

🟩 Ou se preferir CLIQUE AQUI para participar do GRUPO do Portal da Cidade Rio das Pedras e receba as informações e fique atualizado! ‎Não se preocupe, somente nosso número conseguirá fazer publicações, evitando assim conteúdos impróprios e inadequados.

📱 Facebook

📱 Instagram

📺 YouTube

📱 Twitter

🎥 Câmera ao Vivo da Cidade

Fonte:

Deixe seu comentário